Num tempo em que as memórias e os conhecimentos sobre a Revolução de 25 de Abril de 1974 se encontram cada vez mais distantes, junto dos mais diversos públicos, em particular os mais jovens, urge começar a explorar esta temática desde os primeiros anos de escolaridade, através da formação inicial e pós-graduada de professores, recorrendo a abordagens pedagógicas que integrem a compreensão educativa, militar e didática da Revolução e das suas consequências imediatas. Unindo colegas de três escolas superiores distintas (Coimbra, Porto e Viana do Castelo), com grande tradição na formação de educadores e professores, a agir nos mais diversos contextos educativos e culturais, este projeto procura fomentar o conhecimento da Revolução dos Cravos na perspetiva da História da Educação, da História Militar/Recriação História e da Didática da História, eixos centrais de projeto. Por outro lado, procura-se fomentar o debate e a discussão em torno do acolhimento da Revolução nos contextos educativos das regiões norte e centro do país e as transformações que se proporcionaram, desde logo, na forma como se encarava a Escola, no acesso à escolaridade, e em novas práticas/modelos pedagógicos, entretanto surgidos. Propomo-nos cruzar a História da Educação, a Didática e a Literacia Histórica com outros discursos, revelando as consequências da revolução na construção da praxis escolar e na formação de professores/educadores, mostrando-a como o embrião de uma consciência social e sentido de pertença identitária a um novo conjunto de valores. A equipa de investigação identifica como desafio central deste projeto a mobilização da(s) comunidade(s) escolar(es) para o reconhecimento da importância da Revolução do 25 de Abril de 1974 (na comemoração dos seus 50 anos de História) e, nomeadamente, a sua valorização educativa e pedagógica enquanto ferramenta de construção de memórias e de formação cidadã. Sendo a disciplina de História uma das que, nas últimas duas décadas, sobretudo, mais tempos letivos perdeu no ensino básico e secundário, urge compreender que vivemos um período de desvalorização do passado e da memória coletiva, considerada tantas vezes como "inútil", "pouco interessante" e ainda menos "cativante" na época em que outros fenómenos da cultura popular parecem convocar para outros investimentos. Tendo presente que muitas das atuais gerações (e, desde logo, as que se encontram na Escola – mesmo os docentes que nasceram depois de 1974) não vivenciaram este acontecimento tão relevante na definição da memória contemporânea do nosso país, parece-nos da maior importância promover o estudo deste fenómeno, através da valorização de testemunhos, da história vivida e sentida e dos registos documentais (constantes nos arquivos), por forma a incentivar e promover a empatia histórica. Não nos parece possível que tal possa acontecer sem um cunho dialógico entre saberes. Nesse sentido, procura-se articular, de forma integrada, a valorização dos testemunhos de protagonistas dos acontecimentos (história oral) com o tratamento e valorização de espólios documentais associados a este momento histórico (como por exemplo os que se encontram à guarda da Associação Ephemera, coletividade que congrega o Arquivo e Biblioteca de José Pacheco Pereira) por forma a articular a construção de novas aprendizagens com os distintos referenciais curriculares (Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória, Aprendizagens Essenciais e Referencial de Educação para a Cidadania), nomeadamente na Educação Pré-Escolar e no 1º e 2º Ciclos do Ensino Básico. Uma das nossas motivações resulta do conhecimento que vem sendo produzido na articulação com os estabelecimentos escolares do ensino básico, no âmbito dos estágios de prática de ensino supervisionada e que tem sido vertida em alguns relatórios finais desta unidade curricular (bem como outros projetos identificados como relevantes), cujas temáticas abordaram a importância do 25 de Abril de 1974 e as suas implicações na construção do processo democrático. O cerne do projeto é proporcionar contributos para o tratamento do tema em contexto escolar, mas também com o envolvimento e participação alargada da(s) família(s). Este projeto procura, ainda, com os seus contributos e resultados, alimentar a construção de um Laboratório da Memória Histórica na Escola Superior de Educação de Viana do Castelo que, articulado com os polos do INED, possa continuar a promover a investigação integrada e articulada em projetos futuros dentro da temática da Memória História Contemporânea.